sábado, 17 de novembro de 2007

MEIA NOITE

Já passam da meia noite. Não consigo dormir e tenho muitos pensamentos. Diversos, vários ao mesmo tempo. Um deles é escrever para o BLOG, coisa que há muito tempo não faço.
Hoje tive a tarde livre e fiquei muito contente com esta novidade. Assisti, mais uma vez, a “Sonata de Outono”, obra prima de Bergman que adoro. Rever este filme me proporcionou uma satisfação imensurável. O diretor sueco sempre me provoca impressões marcantes e gosto de vivenciá-las, principalmente quando preciso encontrar comigo mesma.
O que vemos no espelho não exatamente aquilo que está refletido. Por detrás da imagem existe um universo impreciso, ilimitado. Às vezes ou quase sempre não me acho no espelho ou num retrato. Preciso ir para longe da minha imagem óbvia. Identificar no outro a figura da minha substância. Saber disto e saber como fazer isto é de grande importância. É uma conquista.
O sono, leitores, ainda não chegou. O que sinto é talvez um esboço dele. Mas o que é a vida? Um esboço das nossas idealizações, uma tentativa constante de felicidade, uma vontade de tudo e de nada... e tantas coisas mais.


Abraços!

quarta-feira, 4 de julho de 2007

JULHO

O mês de julho trouxe novidades e um entusiasmo desmedido, marcando uma fase de projetos e realizações. Passei por um longo período nebuloso, é verdade. Mas as estações sempre mudam.As vontades também.
Sinto uma serenidade para pensar nos meus objetivos e esperar o momento ideal de usufruir alguns prazeres.Concordo que a paciência não é um sentimento típico de quem nasceu sob o signo da ansiedade e do imediatismo, mas estou disposta a experimentar.
Algumas pessoas se afastaram, outras se aproximam.Ciclo da vida? Não sei. Não quero pensar nessas coisas nem em temas sérios, assuntos de adultos e compromissos de gente muito ocupada.
Vou olhar bem devagar para a realidade e para as pessoas. Saborear o mundo com calma, sem medos. Plantar no meu jardim girassóis, esconder alguns segredos e ler poesia.Muito sol, muita brisa e mais nada.

Abraços!


segunda-feira, 25 de junho de 2007

BERGMAN

Ingmar Bergman me conquistou definitivamente.Não há solução para esse encontro fatal.O sueco, dono da Ilha de Faro, acrescentou na minha vida uma estética vibrante e uma perspectiva profunda de arte.Quando ouvi falar do diretor de Morangos Silvestres e vi rapidamente algumas de suas imagens, percebi um novo universo.
Os filmes de Bergman são dramas densos, marcados por diálogos profundos e longos. Abordam temas existenciais. Os atores são quase sempre desconhecidos do grande público e talentosíssimos. A língua sueca é pura identidade.O resultado é uma obra de beleza absurda.
Mas diante de todas as características ditas, o que me encanta verdadeiramente é encontrar numa sala de projeção minhas lembranças, dúvidas, angústias, esperanças e devaneios.Reflexo. Espelho.Perfeita catarse!
Concordo que para muitos o cineasta o qual me refiro é um total desconhecido.Para alguns um nome não muito estranho. Para outros um velho amigo. No entanto, o que importa agora é que a partir dessa leitura, ele se torna uma interrogação ou uma confirmação.Meu desejo, leitores, é compartilhar e fazer conhecer.
Para mim, ver seus filmes é uma experiência similar a de um desvendar.Um descobrimento. O alcance de algo de luminoso na alma e no intelecto. Faz pensar porque é thauma¹. E é disso que gosto. É disso que preciso.Vocês vão gostar também.

Abraços!



***Caso haja interesse, vejam: Fanny & Alexander, Persona, Morangos Silvestres, O Sétimo Selo, Cenas de um Casamento, A Fonte da Donzela, Luz de Inverno ou Os Comungantes,Através de um Espelho, O Silêncio, Sonata de Outono, Sonhos de Mulheres , Noites de Circo etc.
___________________________________________________
¹Thauma: espanto, admiração, perplexidade. Experiência que, segundo Platão e Aristóteles, dá origem ao pensar filosófico.
( REZENDE,Antônio.Curso de Filosofia.Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor/SEAF, 1986, p.13 )


sábado, 16 de junho de 2007

EVOÉ BACO!

Sinto uma sincera angústia pelo novo.
Da minha substância anímica brota uma vontade imensa de que o tempo passe depressa e leve algumas tristezas. Bons ventos, rostos desconhecidos, sentimentos inesperados, grandes emoções em volúpia são bem-vindos. Desejo,também, um ardor mais intenso com as coisas, um espanto com a realidade.
Quero uma surpresa. Um choque. Algo que me faça fugir do cotidiano sujo pela poeira das rotinas. Poeira que se alastrou absurdamente pelas relações humanas.Pessoas tão próximas se habituaram a não falar umas com as outras, a não sorrir nem retribuir sorrisos, a esquecer os afetos conquistados.Acreditem: isso tem me acontecido.
A melhor saída, acho, é reinventar os meus signos. Construir perspectivas inéditas diante de mim mesma. Sentir a vida pulsante, os objetos, comportamentos e fenômenos como a primeira experiência de uma criança. Mesmo que os compromissos de mulher pós-moderna insistam com leis absurdas para que eu faça o contrário.
Caros leitores, renascer é a palavra de ordem.Deixar o passado em paz e a cada dia, cada momento, sentir um sabor único da vida.Um sabor dionisíaco, se possível.Evoé Baco!

Abraços!



sábado, 9 de junho de 2007

O FINGIDOR

Sou apaixonada por literatura.Vivo submersa em letras, cercada de poetas, escritores, personagens e tramas fantásticas.Contar os detalhes dessa relação num só texto seria demasiado cansativo para vocês, leitores, pois levaria muito tempo, muitas linhas e, convenhamos, isso não cabe em um blog. Apenas quero, nesse primeiro momento, falar de um poeta intensamente presente na minha vida: Fernando Pessoa.
Acredito que a maioria de vocês já leu, ou pelo menos, ouviu falar desse português sui generis. Mas eu, menina inquieta e amante da beleza, conheci Pessoa na estante preta que havia lá em casa. Só nos conhecíamos de vista. Foi numa aula de língua portuguesa, ora, que nos falamos pela primeira vez. Peguei o livro que havia na estante e comecei a ler.
A figura daquele homem sério, de óculos e chapéu que tinha poucos amigos e vivia a produção literária como um sacerdócio, me instigou profundamente. Dono de uma obra única na literatura universal, o criador de Caeiro, Reis e Campos é fundamental não só para quem estuda literatura, ou para um diletante da palavra escrita, mas também para todo aquele que vive e percebe a necessidade de beleza no mundo.
Não existe um dia em que não leia, pense, recite mentalmente uma poesia ou até mesmo uma estrofe de Fernando. A impressão que tenho é a de estar declamando todo o universo nos sonhos portugueses de ser uma grande nação, na busca interior do homem por um lugar ideal, na postura antimetafísica de Caeiro, na percepção da efemeridade do mundo de Reis e na inadaptalidade às normas da vida de Campos, entre outros e muitos sentimentos humanos, descritos pelo Fingidor em sua difícil caligrafia.
Tenho a impressão, também, de que escrevi pouco sobre o meu querido poeta, mas devo ter calma...calma diante de mim mesma, da vida, das pessoas, dos sentimentos, das vontades...dos desencontros...das minhas insanidades.


Abraços!




terça-feira, 5 de junho de 2007

FLOR DE ESTUFA

Se me perguntassem, hoje, quem eu sou, diria que sou uma flor de estufa. A mais bela e provavelmente a preferida de todas. Mas que não resiste um instante fora do seu habitat, longe de cuidados especiais, perto do sol real e visível, diante da realidade implacável da natureza.
Quando cito flores e natureza é só para usar mais uma metáfora cansada a fim de expressar sentimentos próprios, sentimentos calados, sufocados e ser, também, um pouco elegante no existir. Afinal, flores são sempre flores.
Sinto uma inexplicável sensação de que tenho vivido o rascunho das coisas: o sol visto através de uma janela de vidro, o rastro de um perfume conhecido, a lembrança de um sabor lá da infância, a imagem de um vulto querido...
Sentimentos claros? Sim, alguns, por exemplo pelas letras impressas com tinta, sons decifrados de partituras, imagens estáticas em quadros ou nas telas em movimento... histórias contadas, rimas, estrofes, sentimentos expulsos em pura estética! E partindo dessa experiência me questiono sobre a validade das relações humanas e coisas assim. ***Desejo com esse BLOG dividir pequenas impressões estéticas sobre a arte em geral e, principalmente, sobre sua matéria bruta: a vida. Espero realizar uma boa comunhão de idéias.


Abraços!